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Preservativo do consentimento

Da série “coisas maravilhosas que as pessoas inventam”, você já ouviu falar do preservativo do consentimento? Esse é um preservativo que tem o intuito de ter a certeza de que o sexo é consensual para ser utilizado.

E como isso funciona? Ele só pode ser aberto a quatro mãos. Uma pessoa sozinha não consegue abrir a embalagem para ter acesso ao preservativo. Por isso, é chamado de “preservativo do consentimento”.

Esse preservativo, chamado de Placer Consentido (em tradução livre ao português: prazer consentido) foi criado por uma marca chamada Tulipán, responsável pela fabricação de camisinhas na argentina.

Além de, obviamente, por ser uma empresa de preservativos, ter o foco de auxiliar as pessoas na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada, a marca decidiu também levantar a bandeira do sexo consentido.

Afinal, para que duas (ou mais) pessoas tenham prazer, é necessário que todas elas estejam de acordo, não é mesmo?

Como parte de uma campanha em prol do sexo consentido, o preservativo do consentimento foi distribuído em diversos bares e eventos na capital da Argentina (Buenos Aires).

Mas como funciona o preservativo do consentimento?

A caixa do preservativo do consentimento não é como uma caixa ou embalagem comum de camisinha. Ela possui oito botões em suas extremidades e a caixa só abre quando os oito botões são apertados simultaneamente.

E é impossível que todos os botões sejam apertados por uma só pessoa. São necessárias, pelo menos, duas pessoas para que a embalagem do preservativo do consentimento seja aberta.

Ou seja, sinal de conscientização maior do que esse para mostrar que o sexo só é bom quando todas as partes envolvidas estão de acordo, não há.

Qual foi a motivação para a criação do preservativo do consentimento?

A motivação do preservativo do consentimento veio dos resultados de um estudo realizado por uma organização responsável por campanhas dos direitos de pessoas soropositivas na Argentina.

Os resultados revelaram que menos de 15% dos argentinos dizem fazer o uso regular de preservativos em suas relações sexuais. Além disso, em média 65% das pessoas fazem o uso ocasional da camisinha e cerca de 20% disseram que nunca fizeram uso da mesma.

São números alarmantes, não é mesmo? Então, a fim de continuar na sua campanha de conscientização contra o HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis e a possibilidade de uma gravidez indesejada, a marca Tulipán resolveu aproveitar para associar essa campanha a favor do consentimento no sexo.

“Se não disse que é um sim, é porque é um não”

Bem, em um mundo ideal, não existiria a necessidade de uma campanha publicitária de preservativos para lembrar às pessoas sobre a importância do consentimento para o sexo.

Porém, na caixa dos preservativos do consentimento vêm escritos os dizeres “Se não disse que sim, é porque é um não” e, mesmo após a campanha, a empresa afirmou que deseja manter os dizeres “não é não” em suas embalagens de preservativos.

Afinal, o sexo só é realmente prazeroso quando, além de seguro, é feito em comum acordo pelas partes envolvidas, não é mesmo? E mesmo em relacionamentos longos, é sempre importante lembrar do consentimento.

Mas por que existe a necessidade de uma campanha como a do preservativo do consentimento?

Infelizmente, a nossa sociedade ainda vive presa nas amarras da cultura do estupro de do abuso sexual. E tudo isso acontece por conta da falta de compreensão sobre o que é realmente o consentimento sexual.

O consentimento sexual, que parece um assunto muito novo por nunca ter sido ensinado anteriormente em casa nem nas escolas consiste em, basicamente, saber respeitar quais são os desejos e as vontades do outro, bem como o seu corpo.

A masculinidade tóxica ainda faz com que os homens, desde jovens, achem que é normal “avançar o sinal” com as mulheres. Que, quando elas dizem não estão fazendo charme e que, quando elas agem com mais firmeza em sua negativa, são “loucas” ou “não gostam de homem”.

E as mulheres, que, desde pequenas são acostumadas a não perceber o abuso. Ou então a ter medo de “reagir demasiado” quando passam por alguma situação, muitas vezes, não sabem a hora certa de reagir ou como reagir quando o abuso acontece.

Ainda existem aquelas que acham comum alguns acontecimentos pelo simples fato de terem nascido mulheres. Ou as esposas (ou namoradas) que acham normal o parceiro força-las a ter uma relação sexual mesmo quando elas não querem.

E são diversas “pequenas coisas” para quem vê de fora, que continuam acontecendo e virando um ciclo vicioso, que é a “cultura do estupro”. O preservativo do consentimento foi criado para alertar as pessoas com relação a essa cultura tóxica e conseguir quebrar esse ciclo.

Por isso, lembre-se sempre: seja você homem ou mulher. Seja a pessoa que você deseja (ou a pessoa com a qual você se relaciona) homem ou mulher. Sexo só é bom quando protegido e consentido. Não existe nada melhor do que respeitar as vontades e o corpo da outra pessoa.