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Como as toxinas estão alterando a nossa sexualidade

É sabido que problemas sexuais anatômicos, de líbido ou o simples desejo sexual, têm interferência de diferentes contaminantes químicos como as toxinas. Saiba mais sobre o assunto...

No ano de 1997 foi publicado um dos ensaios científicos mais relevantes e perturbadores da atual era moderna: o livro “O Futuro Roubado”, escrito pelos autores Theo Colborn, Dianne Dumanoski e John Peterson Myers.

O livro, baseado no trabalho de vida da zoóloga e toxicologista da Universidade da Flórida, Theo Colborn, disseca de maneira objetiva e visceral a atual realidade dos contaminantes químicos que atuam como mimetizadores hormonais no nosso sistema endócrino, perturbando os organismos dos animais (sejam seres humanos ou outros vertebrados), de maneira nunca visto antes no planeta Terra.

Especula-se que este fenômeno ganhou ares globais a partir do fim da Segunda Guerra, período que marcou não apenas a geopolítica e as ideologias totalitárias que ainda assombram o mundo (como o nazismo, o fascismo e o comunismo), mas também o salto tecnológico que épocas bélicas demandam, seja pela aceleração da produção científica, seja pelo melhoramento da logística para que produtos manufaturados alcançassem as prateleiras dos supermercados e das farmácias, chegando assim no dia a dia das pessoas de todo o mundo.

Junto com o fim da Segunda Grande Guerra e os “benefícios” que ela trouxe para com as populações do mundo, pode-se citar dois produtos químicos que foram sistematicamente distribuídos para as nações, estes com promissoras características milagrosas (pelo menos em curto prazo a afirmação era verdade): o antibiótico e o DDT.

Esse período em que se estabeleceram estes fármacos nas rotinas humanas é chamado por alguns cientistas de “paradigma químico”.

O antibiótico corresponde a um fármaco que combate doenças bacterianas, revolucionando a maneira de tratar muitos doentes que antes dependiam apenas do próprio corpo no combate as infecções causadas por bactérias; já o DDT foi usado como alvo contra mosquitos vetores de doenças, além de ser utilizado em larga escala contra pragas que atacavam plantações e produções agrícolas.

E é aqui que se inicia o fenômeno observado e descrito por Theo Colborn: quando se achava que o DDT era inofensivo para as pessoas, depois de alguns anos de pesquisa e observação descobriu-se que ele também agia como bioacumulador na gordura (dos animais e dos humanos), sendo em médio e longo prazo uma molécula que perturba o organismo humano, podendo levar a alterações no sistema imunológico, endocrinológico, sendo causador até de alguns tipos de canceres (como o da tireóide).

Entretanto, mesmo quando já se sabia dos efeitos nocivos do DDT, o mercado de produtos químicos e defensivos agrícolas continuou a liberar outros agentes com características semelhantes em nosso ambiente: DDE, Dicofol, heptacloro, clordecona, methoxycloro, toxafeno, endosulfan, 2-fenifenol, BHA, DES e os famigerados PCBs (considerando uma pequena lista de 30 anos atrás!!).

Com o descarte sistemático e contínuo destes produtos, muitas vezes sem controles ou protocolos de aplicação, ou de análises residuais ou ainda os respectivos períodos de carência, uma enorme quantidade de hormônios artificiais passaram a interagir com os seres humanos e os animais vertebrados.

Por assim muitas pesquisas tem mostrado o comportamento aberrante de animais vertebrados em ambientes silvestres e selvagens, tal fenômeno fortemente associado aos contaminantes químicos, em peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos: abandono de filhotes e do ninho, desinteresse em cortejar o sexo oposto, redução do tamanho dos órgãos sexuais, surgimento de intersexualidade, e até canceres e tumores (em especial no sistema reprodutor).

Com os seres humanos o negócio não é diferente: muito se especula se a atual geração não esta perdendo a empatia que tanto caracterizou o “ser humano moderno”; é sabido que problemas sexuais (seja anatômico, seja ainda libido ou simplesmente desejo sexual) tem interferência de diferentes contaminantes químicos, fazendo com que a cada geração as pessoas fiquem fadadas a receber mais contaminantes, em especial quando estão no útero de suas mães, durante o processo de desenvolvimento embriológico (fase do ciclo de vida do ser humano quando somos desenhados anatomicamente e fisiologicamente em machos e fêmeas).

Theo Colborn veio a falecer infelizmente em dezembro de 2014, sendo que até nos últimos dias de sua vida ainda lutava contra os contaminantes químicos através de pesquisa e palestras ao redor do mundo, alertando das consequências da contaminação e que suas consequências já poderiam ser observadas no nosso presente: seja com a diminuição da carga espermática a cada geração de machos, ou ainda com o aumento de transtornos psicológicos e de déficit de atenção que atingem cada vez mais as crianças do século XIX.

O seu legado contra os mimetizadores hormonais continua firme e forte: mesmo que o nosso futuro não seja muito promissor para este horizonte químico.